quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

FICÇÃO LITERÁRIA


Introdução

É hoje uma opinião amplamente aceita que os textos literários são de natureza ficcional. Por esta classificação, distinguem-se manifestamente dos textos que, não possuindo esta característica, são em geral relacionados ao pólo oposto à ficção, ou seja, à realidade.
A oposição entre a realidade e a ficção faz parte do repertorio elementar de nosso saber “implícito”, e com esta expressão, evidenciada pela sociologia do conhecimento, faz-se referencia ao repertorio de certezas que se mostra tão seguro a ponto de parecer evidente por si mesmo.
Os textos ficcionais serão de fato ficcionais e os que assim não se dizem serão de fato isentos de ficções?
A relação opositiva entre a ficção e realidade retiraria da discussão sobre o fictício no texto uma dimensão importante, pois, evidentemente, há no texto ficcional muita realidade que não só deve ser identificável como realidade social, mas que também pode ser de ordem sentimental e emocional. Estas realidades por certo diversas não são ficções, nem tampouco se transformam em tais pelo fato de entrarem na apresentação de textos ficcionais.
Se o texto ficcional se refere à realidade sem se esgotar nesta referencia, então a repetição é um ato de fingir, pelo qual aparecem finalidades que não pertencem à realidade repetida. Se o fingir não pode ser deduzido da realidade repetida, nele então surge o imaginário que se relaciona com a realidade retomada pelo texto. Assim o ato de fingir ganha a sua marca própria, que é de provocar a repetição no texto da realidade vivencial, por esta repetição atribuindo uma configuração no imaginativo, pela qual mostra composto de diversos atos de fingir.
Mas, com base na hipótese já mencionada, sempre permanece como características dos atos de fingir correspondentes à realização de uma transgressão especifica de limites.
Como produto de um autor, cada texto literário é uma forma determinada de tematização do mundo. Como esta forma não está dada de antemão pelo mundo a que o autor se refere, para que se imponha é preciso que seja nele implantado. Implantar não significa imitar as estruturas de organização previamente encontráveis, mas sim decompor. Daí resulta a seleção, necessária a cada texto ficcional, dos sistemas contextuais preexistentes, seja eles de natureza sócio-cultural ou mesmo literária.

A seleção

A seleção é uma transgressão de limites na medida em que os elementos acolhidos pelo texto agora se desvinculam da estruturação semântica ou sistemática ou sistemática dos sistemas de que foram tomados.
A seleção retira-os desta identificação e os converte em objeto da percepção. Os elementos contextuais que o texto integra não são em si fictícios, apenas a seleção é um ato de fingir pelo qual os sistemas, como campo de referencia, são entre si delimitados, pois suas fronteiras são transgredidas.
Se houvesse uma regra para a seleção, esta não seria uma transgressão e limites, mas apenas uma possibilidade permissível dentro de uma concepção vigente. Sendo o ato de seleção um ato de fingir, que, como transgressão de limites, possui o caráter de acontecimento, sua função se funda no que é por ele produzido.
Como o ato de fingir, a seleção possibilita então aprender a intencionalidade de um texto. Pois ela faz com que determinados sistemas de sentido do mundo da vida se convertam em campos de referencia do texto e estes, por sua vez, na interpretação do contexto. Ela, por fim, se manifesta no controle de tal interpretação, porquanto o campo de referencia único separa os elementos escolhidos do segundo plano que, por efeito da escolha, é excluído e, desta maneira, concede a visibilidade do mundo reunido no campo de referencia uma disposição perpesctivistica. Neste processo, esboçam-se os objetivos intencionais do texto, que deve sua realização à irrealização das realidades que são incluídas no texto.
É provável que a intenção não se revelem na psique, nem na consciência, mas que possa ser abordada apenas através das qualidades que se evidenciam na seletividade do texto face a seus sistemas contextuais. Não é possível o conhecimento da intenção autoral pelo que o tenha inspirado ou pelo que tenha desejado. Ela se revela na decomposição dos sistemas com que o texto se articula, para que nesse processo, deles se desprenda. Por conseguinte a intencionalidade do texto não se manifesta na consciência do autor, mais sim na decomposição dos campos de referencia do texto. Como tal, ela é algo que não se encontra no mundo dado correspondente. Tampouco ela é apenas algo imaginário; é a preparação de um imaginário para uso, que de seu lado, depende das circunstancias em que deve ocorrer.
A seleção é um ato de fingir, na medida em que por ela se assinala os campos de referencia do texto, com a finalidade de serem transgredidos. Origina-se assim a intencionalidade do texto, cuja característica consiste em nem ser uma realidade dos sistemas de referencia em que interveio, nem tampouco em materializar o imaginário como tal, porquanto possui uma determinação que não resulta dos sistemas a que se refere. Ela se mostra como “figura de transição” entre o real e o imaginário, com estatura da atualidade. Atualidade é a forma de expressão do acontecimento na medida em que não se limita a designar campos de referencia, mas os decompõe para transformar os elementos escolhidos no material de sua auto-apresentação. A atualidade se refere então ao processo pelo qual o imaginário opera no espaço do real.

A combinação

Como um ato de fingir, a seleção encontra sua correspondência intratextual na combinação dos elementos textuais, que abrange tanto a combinalidade do significado verbal, o mundo introduzido no texto, quanto os esquemas responsáveis pela organização dos personagens e suas ações. A combinação é um ato de fingir por possuir a mesma caracterização básica: ser transgressão de limites.
Como ato de fingir, a combinação desde muito tem sido compreendida como uma marca característica da poesia, uma vez que se desejava distingui-la como ficção da realidade dada. Assim, por exemplo, Bacon descrevia a poesia como um processo combinatório “que pode a vontade estabelecer uniões e divórcios ilegais de coisas. Comumente ultrapassa a medida da natureza, unindo a seu bel prazer coisas que na natureza nunca viriam juntas e introduzindo outras que na natureza nunca aconteceriam.
Como o ato de fingir, a combinação cria relacionamentos intratextuais. Como o relacionamento é um produto do fingir, ele se revela, como a intencionalidade que aparece no processo de seleção. O relacionamento alcança esta faticidade especifica pelo grau de sua determinação, mas também pela influencia exercida nos elementos que ela relaciona entre si.
Como produto de um ato de fingir, o relacionamento é a configuração concreta de um imaginário. Este nunca pode se integrar totalmente na língua, embora o fictício, enquanto concretização do imaginário, não possa prescindir da determinação da formulação verbal, para que, por um lado, chame a atenção para o que se trata de representar e, por outro, para que introduza, por modalizações diversas, nos campos dos mundos existentes, o que se manifesta na representação.
Os atos de fingir no texto ficcional, até agora descritos, ou seja, os da seleção e os da combinação, diziam respeito a transgressão de limites entre texto e contexto, ou seja, a transgressão dos campos de referencia intratextuais. Daí evidenciar-se uma complexidade crescente. Com produto da combinação, o relacionamento não se referia apenas a elaboração destes campos de referencia a partir do material selecionado, mas ainda ao mutuo relacionamento destes campos. Isso nos leva a reconhecer uma diferenciação relativa a qualidade do fictício. Esta diferenciação ainda crescerá mais ao tratarmos agora doutro ato de fingir, que consiste no desnudamento de sua ficcionalidade.

Desnudamento

É característico da literatura, em sentidos latos, que se dá a conhecer como ficcional, a partir de um repertorio de signos, assim assinalando que é literatura e algo diverso da realidade. Assim, o sinal de ficção não designa nem mais a ficção, mas sim o contrato entre o autor e leitor, cuja regulamentação o texto comprova não como discurso, mas sim como discurso encenado. Deste modo, por exemplo, os gêneros literários se apresentam como regulamentações efetivas de largo prazo, que permitem uma multiplicidade de variações históricas nas condições contratuais vigentes entre o autor e o publico.
A literatura é capaz de tematizar estes processos. A curta travessia sobre o papel da ficção no discurso filosófico nos permitiu reconhecer duas coisas: 1. que a caracterização do fingir é um atributo central da ficção e que, se não aparecer com a suficiente clareza, deve ser revelado pela desmistificação; 2. se uma ficção se apresenta como tal, graças ao seu repertorio de sinais que carrega consigo, será necessária uma outra atitude face ao que ela contêm. O discurso filosófico deixa ver que a caça as ficções é guiada pelo esforço de que elas próprias não se convertam nos objetos daquela realidade que representam, assim também o desnudamento da ficção se mostra que o texto, como um fingido, não é idêntico ao que por ele se representa.
No entanto o texto ficcional contém muitos fragmentos identificáveis da realidade, que, através da seleção, são retiradas tanto do contexto sócio-cultural, quanto da literatura previa ao texto. Assim retorna ao texto ficcional umas realidades de todo reconhecíveis, postas, entretanto agora sob o signo do fingimento. Por conseguinte, este mundo é posto entre parênteses para que se entenda que o mundo representado não é o mundo dado, mas que deve ser apenas entendido como se o fosse.
Pode até ser mesmo que a função da dissimulação seja manter intactos os critérios naturais, para que a ficção seja compreendida como uma realidade que possibilita o esclarecimento de realidades. Situação diversa se dá no caso de os critérios naturais serem postos entre parênteses, pois o parêntese implica que o mundo aí posto não é um objeto graças a si mesmo, mas objeto de uma encenação ou de uma consideração daquele tipo.
Resulta daí igualmente um traço característico de como se: pelos parênteses é sempre assinalada a presença de um aspecto da totalidade que, de sua parte, não pode ser uma qualidade do mundo representado, quando nada porque este foi constituído a partir de segmentos dos diversos sistemas contextuais do texto.
Pois a ficção sempre ocorre em virtude de seu uso pragmático. Por conseguinte, também a realidade representada no texto não deve ser tomada como tal: ela é a referencia de algo que ela não é, mesmo se este algo se torna representável por ela.
Esta constelação de como se caracteriza a literatura desde o inicio da modernidade. É característico disso o gênero bucólico renascentista, em que a ficção pela primeira vez se automatizou. A literatura recebe a característica geral de mundo representado e posto entre parênteses.

Como se


É necessária uma abordagem mais aprofundada do como se para que se entendam suas conseqüências. A partícula da frase condicional significa que a condição por ela estabelecida é irreal ou impossível. Julgar o mundo emergente no texto ficcional como se ele se confundisse com o mundo real significa ainda que se almeja encontrar um elemento de comparação, que, entretanto se limita a partícula de condicionalidade. Entender o mundo emergente no texto como se fosse um mundo significa relacioná-lo com algo que ele não é. Assim o conjunto de partículas de como se serve para estabelecer equivalências entre algo existente e as conseqüências de um caso irreal ou impossível. Se o texto ficcional relaciona o mundo por ele representado a este impossível, a este impossível faltará precisamente a determinação que alcança por sua representação. Podemos chamá-lo de imaginário porque os atos de fingir se relacionam com o imaginário. Portanto, o como se significa que o mundo representado não é propriamente mundo, mas que, por efeito de um determinado fim, dever ser representado como se o fosse.
É de se ressaltar que esta atividade imaginativa dever ter alguma pratica, alguma finalidade: só neste caso, a função imaginativa é conseqüente, pois não se trata, sem que haja alguma finalidade, de tornar-se como real algo que é irreal. Se assim o imaginário ganha a sua configuração suficiente pela finalidade, deve-se observar que o mundo representado no texto ainda não é a finalidade do texto; ao contrário, ele constitui, como termo de comparação determinado, a condição para que se torne representável a dimensão do uso, indicada pelo parêntese.
Com o como se se indica a orientação desta remissão: o mundo representado há de se tomar como se fosse um mundo. Daí resulte que o mundo representado no texto não se refere a si mesmo e que, por seu caráter remissivo, representa algo diverso de si próprio. Mostra-se aqui de novo o modo característico do fictício, ser transgressão de limites. De todo modo, deve-se destacar o fato de que com a ficção do como se ocorre a transgressão daquilo que, de sua parte, como mundo representado no texto. Já materializa um produto proveniente do ato de fingir.
No momento porem que a direção suprimiu os sinais ficcionais e assim eliminou o como se, tornou-se representação de uma realidade determinada e verificável no mundo empírico dos espectadores.
Ao mesmo tempo, porém, o mundo representado no texto é uma materialidade que, por seu caráter de como se, não trazem si mesmo nem sua determinação, nem sua verdade, que devem ser procuradas e encontradas apenas em relação com algo outro.
Pois, se o como se assinala que o mundo representado deve ser visto como se fosse um mundo – sem que seja tratado como tal – então é necessário manter um certo grau de designação para que o mundo se possa transformar na condicionalidade intencionada. Esta sujeição da função designativa à remissiva mostra que o mundo representado, enquanto designa algo, tem apenas o caráter de análogo, pelo qual se exemplifica o mundo mediante a forma de um determinado mundo.
Se o mundo do texto se caracteriza pelo como se, assim assinalando que ai se apresenta para ser visto ou concebido como um mundo, isso significa que sempre algo diverso deve ser introduzido no mundo representado no texto. Pois o elemento de comparação na expressão como se é um impossível ou um irreal, não podendo ser, portanto uma parte do mundo representado. Por isso o mundo do texto, sob o signo do como se, não mais pode ser designar a si mesmo, mas sim remeter ao que não é. Noutras palavras: embora ele não seja o mundo real, deve ser considerado como tal e, deste modo, a finalidade, que começa a se esboçar pelo ato de remissão, possa ser compreendida como possibilidade de seu tornar-se visível. Por esta visibilidade não se confunde com nenhuma característica do mundo.
Torna-se deste modo claro que a ficção do como se utiliza o mundo representado para suscitar reações efetivas nos receptores dos textos ficcionais. Imaginar o mundo do texto como se fosse um mundo é, por conseguinte, a condição para que se produzam atividades de orientação. Assim, se por um lado, se transgredi o mundo representado no texto, por outro, o elemento de comparação visado no como se recebe uma certa concreção.
A ficção como se provoca, portanto, um ato de representação dirigido a um determinado mundo, previamente dado a consciência imaginante, razão por que este ato de representação não se relaciona nem subjetiva, nem objetivamente, com as referencias.
Se relembrarmos que a ficção do como se põe entre parênteses o mundo representado e que este pôr entre parênteses remete a um aspecto da totalidade, que por ele se impõe, é então de se inferir que, no caso da ficção, este aspecto da totalidade é a finalidade de seu uso. Podemos agora descrevê-lo estruturalmente da seguinte maneira: o mundo do texto entre parênteses não se representa a si mesmo, mas a um outro. Este outro constitui a possibilidade de seu torna-se visível, que, ao mesmo tempo, provoca impressões afetivas no sujeito, que, de sua parte, causam atividades de orientação e, desta forma, reações sobre o mundo do texto. Causar sobre o mundo seria então a função de uso produzida pelo como se, para isso, é necessário irrealizar-se o mundo do texto, para assim transformá-lo em análogo, ou seja, em exemplificação do mundo, para que com isso se provoque uma relação de reação quanto ao mundo.
Pois o mundo representado no texto é, por seu lado, produto do fingir, resultante dos atos de seleção e combinação. Por conseguinte, este mundo do texto não teria nada de idêntico ao mundo dado, pois intencionalidade e o relacionamento, que constituem a base de sua organização, sem qualidades do mundo dado. Daí que a reação desperta pelo como se do mundo do texto, tanto pode se referir a este, quanto a realidade empírica que, pelo análogo textualmente estabelecido, é visada a partir de uma perspectiva que não se confunde com um certo mundo da vida.
A ficção do como se também aponta para uma importante diferença entre o fictício e o simbólico. O aspecto da totalidade, visado pelo parêntese em que é posto o como se, tem o caráter de finalidade, e de finalidade de uso, pois a ficção se determina por meio de seu emprego pragmático. É o oposto do que se dá com o aspecto da totalidade do símbolo, que resulta de uma norma e que deve se fazer presente pelo trabalho de representação da figura simbólica.
Se a ficção do como se provoca atividade de orientação e de representação nos receptores e, portanto, despertam reações, é de se perguntar em que medida o mundo irrealizado do texto possui efeitos retroativos sobre os receptores, a partir da representabilidade nele acumulada. Noutras palavras, a ficção do como se condiciona apenas transgressão de limites do mundo posto entre parênteses, ou também das atividades provocadas nos receptores? Ou seja, a representabilidade daquilo que é provocado pelo como se significa que nossas capacidades se põem a serviço desta irrealidade para, no processo de irrealização, transformá-la em realidade.

Conclusão

Os atos de fingir, que aparecem no texto ficcional, apresentam um traço geral dominante: serem atos de transgressão.
Na seleção, são transgredidos os sistemas contextuais do texto, mas também o é a imanência do próprio texto, por incluir em seu repertorio a transgressão dos sistemas contextuais selecionados.
Na combinação, ocorre uma transgressão dos espaços semânticos intratextualmente constituídos, o que vale tanto para a ruptura de limites do significado lexical, quanto para a constituição do acontecimento central a narração, o qual se manifesta na transgressão dos heróis do romance.
No como se, a ficção de desnuda como tal e assim transgride o mundo representado no texto, a partir da combinação e da seleção. Ele põe entre parênteses este mundo e assim evidencia que não se pode proferir nenhuma afirmação verdadeira acerca do mundo aí posta.
Em principio, o desnudamento assinala duas coisas. Em primeiro lugar, significa para o destinatário da ficção que ela deve ser tomada como tal. Além disso, afirma que aqui domina a hipótese de que há de se supor como mundo o mundo representado apenas para que assim se mostre que é representação de algo outro. Sucede por fim uma última transgressão que o texto provoca no repertorio de experiências dos receptores; pois a atividade de orientação provocada se aplica a um mundo irreal, cuja atualização tem por conseqüência uma irrealização temporária dos receptores.
Os referidos atos de fingir se originam uns dos outros. Podemos distingui-los sobre tudo porque suas funções são distintas. Seu traço comum, serem atos de transgressão, se diferencia na especificidade de seu respectivo emprego. Este conduto deve-se relacionar ao traço comum, pois só por ele se realiza a função do fictício no texto ficcional.

LIMA, Luiz Costa (org.) Teoria da Literatura em suas fontes. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1983. Volume II. Autor: Wolfgang Iser

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

LITERATURA HISTÓRICA


Nossa concepção judaico-cristã do tempo é linear e teleológica. De santo Agostinho a Hegel e Marx, a história foi vista como uma sucessão de acontecimentos conduzindo a um Apocalipse ou a um fim harmonioso. Segundo essa tradição, a lógica da história pode escapar-nos no particular, mas é um pressuposto obrigatório, quer ela se chame Providencia ou Razão. A concepção da história literária que predominou e se instalou como disciplina acadêmica é uma concepção linear, causalista e finalista. A história literária que se criou e se firmou sob a égide da história geral positivista é condicionada por essa lógica da sucessão.
A história geral nos foi contada durante séculos como uma seqüência de acontecimentos comandada por uma genealogia de grandes homens. A história literária esboçou-se e fixou-se segundo o mesmo esquema, oriundo das genealogias bíblicas. Daí decorreu uma concepção da tradição como fonte de ensinamentos. Os grandes escritores do passado seriam os Pais e Mestres, que os novos escritores deveriam honrar e imitar. Ora, embora a literatura nasça sempre da literatura, a lógica desse engendramento não é muito clara. Na pratica, as relações dos novos com os antigos nunca foram meramente sucessivas, nem unívocas, nem inequívocas.
Apesar disso, a história literária “oficial” nos tem apresentado uma listagem de nomes alinhados em seqüência cronológica, como se, essa fosse a única lógica. Segundo os manuais literários que ainda reinam nas instituições de ensino, os “movimentos” ou “escolas” ter-se-iam sucedidos uns aos outros, segundo um balanço e compreensíveis, sínteses.
Essa história da literatura que os manuais nos dão é apenas uma forma, ela mesma historicamente datada. A própria história, como disciplina, já tomou consciência da existência de uma “história da História”, na qual essa forma racionalista e continua é apenas um episodio. A historiografia dos meados do século XX passou a buscar estruturas cronológicas; conjuntos que permitissem a percepção de sentidos, mas do que alinhamentos em que a simples diacronia fingisse uma inelutável casualidade.
Ressalvada as particularidades de suas contribuições, esses escritores-criticos coincidem na negação da pertinência e/ou da conveniência de uma história literária diacrônica e linear.
• Eliot afirma a permanência do melhor do passado no presente, propondo uma recuperação de todos os tempos no tempo atual.
• Pound também privilegia o presente, dando-lhe não só direito, mas o dever de reformular o passado, num processo permanente de revisão.
• Borges propõe uma inversão da linha temporal que é uma negação do tempo.
• Paz postula uma nova concepção do tempo na história literária, uma relativização que é, por um lado, comum a todas as ciências do século XX e, por outro, consubstancial ao modo de ser da poesia, temporal e atemporal.
• Butor defende uma reinvenção do passado com vistas a uma continuação aperfeiçoadora.
• Calvino propõe a releitura infinita e presentificadora dos clássicos. Solters reprograma a escrita em função de umas rupturas filosóficas, estéticas e política: o resultado é uma espacialização dessa história.
• Campos propõem uma valorização sincrônica antropofágica.
A convergência dessas propostas indica uma tendência forte da poética moderna. Por caminhos mais pessoais ou gregários, mais intuitivos ou mais conceituais, numa forma ora aforistica, ora argumentativa, esses escritores críticos chegam todos a mesma fundamental afirmação: a história literária não é concebível em termos de uma linha traçada e conhecida uma vês por todas, porque a literatura é sempre função da leitura, isto é, presentificação valorativa do passado.

PERRONE-MOISÉS,Leila. Altas Literaturas. São Paulo: Companhia das Letras, 1998

domingo, 20 de janeiro de 2008

AÇÚCAR - O Vilão da Sociedade Moderna


Até cerca de 300 anos atrás a humanidade não usava aditivos doces na sua dieta ordinária. Os povos antigos e civilizações passadas não conheciam este famoso aditivo doce. O mel era usado eventualmente, mais como remédio. Como remédio!

Este processo histórico prova que o açúcar é desnecessário como alimento. Foi só a partir dos dois últimos séculos que o açúcar começou a ser produzido em larga escala e ser consumido de forma cada vez mais intensa. Cada vez mais purificado, o açúcar de cana (ou beterraba) se transformou em sacarose branca. Um pó branco.
Hoje somos uma civilização consumidora de milhares de toneladas diárias de açúcar. O açúcar refinado é o resultado de um processamento físico-químico que extrai da garapa a sacarose purificada e anidra, usando e adicionando produtos químicos como clarificantes, antiumectantes e agentes de moagem. Aditivos químicos, sintéticos, muitas vezes cancerígenos e/ou danosos à saúde.

O açúcar refinado deve ser considerado como um produto quimicamente ativo, pois se trata de uma substância resultante de um processo de purificação, um concentrado. Do xarope inicial, além de evaporado, são retiradas fibras, proteínas, sais minerais, vitaminas, impurezas etc. O produto final é a sacarose concentrada a mais de 90%, um carboidrato de elevado poder calórico e de liberação de glicose no sangue. Um alimento vazio de nutrientes, ao contrário, rico em aditivos e resíduos de um processo físico-químico, razão pela qual devemos considerar o açúcar como um não alimento, zero de energia vital, portanto, como na classificação do livro do Dr. Soleil – Você sabe se desintoxicar? - um alimento biocídico (bio = vida + cídico = que mata).

O corpo humano não necessita de açúcar refinado. O que ele realmente necessita é de glicose, ou seja, o tijolo básico dos carboidratos. Mas essa glicose pode ser facilmente obtida a partir de uma alimentação balanceada, onde frutas, cereais integrais, legumes e hortaliças são consumidas diariamente. Ao contrário do que dietas como a do Dr. Atkins e a de South Beach preconizam (quando evitam o consumo de carboidratos), a glicose é o principal combustível de ser humano, portanto é muito importante para o seu pleno metabolismo, quando gera energia de crescimento, regeneração, movimento, pensamento e manutenção. Assim, consumida da forma correta, de fontes naturais, que inclusive o organismo precisa digerir para obtê-la, existem tempos e condições que só fortalecem e favorecem o organismo.

Mas, o slogan afirma: "açúcar é energia".
Entretanto, esta é uma citação enganosa, pois na verdade, o correto seria dizer que: "açúcar é uma injeção de glicose na veia”, ou seja, superabundância de energia química concentrada.
E aí reside o problema: açúcar refinado é sempre excesso de energia, acima das necessidades reais. E, uma vez ingerido, para onde vai este excesso?
• Depósito de gordura corporal nas vísceras, órgãos, sistemas...
• Maior demanda de energia metabólica (estresse metabólico) para contornar as desarmonias energéticas geradas;
• Envelhecimento precoce, pois a célula só usa o que necessita, todo o resto passa a ser um "estorvo" metabólico;
• Estímulo excessivo do pâncreas;
• Depressão do sistema imunológico, incluindo problemas como doenças repetitivas; • Desmineralização orgânica, incluindo problemas de anemia, dentes e ossos; • Subnutrição pela depressão de enzimas digestivas, portanto pobre aproveitamento e fixação de nutrientes e;
• Problemas digestivos, gases, constipações, etc.

Ao se consumir um produto extremamente concentrado, isolado, será exigido do organismo uma compensação química. Ou seja, serão seqüestrados cálcio e magnésio do metabolismo e das reservas. Então, indiretamente, o açúcar "rouba" do organismo depósitos destes minerais, e esta carência de cálcio, magnésio e ferro aumenta quanto maior a ingestão de açúcar. Podemos afirmar então que o açúcar é descalcificante, desmineralizante, desvitaminizante, um agente de desarmonização metabólica. Açúcar não é "alimento", mas um "antinutriente".

Lembrmos que no consagrado livro de Willian Dufty - Sugar Blues - ele considera o açúcar como uma "droga doce e viciante que dissolve os dentes e os ossos de toda uma civilização".
E o pior, seus efeitos são como o de uma verdadeira droga, lentos, acumulativos e insidiosos, vão minando a saúde dia após dia, ano após ano.

Importante lembrar que todo alimento classificado como carboidrato ou energético, que são os cereais e suas farinhas, as frutas, os legumes e as verduras, são assim denominados porque se transformam em glicose durante seu processo digestivo. Também, uma pequena parte das carnes e até mesmo das sementes se converte em glicose.
Portanto, numa alimentação balanceada e consciente, esta é a rota energética natural de mantemos as necessidades bioquímicas do corpo. Isso explica por que povos antigos não necessitavam de açúcar extra.

Assim, se levarmos em conta que não necessitamos de açúcar “extra”, tudo o que se consome de açúcar nestes três últimos séculos é excessivo, exagerado, muito além do que o organismo necessita.

Vamos ao bom senso? O mais importante é fazer com que cada indivíduo entenda que a alimentação natural, sem aditivos doces, contém quantidades suficientes de glicose e energia. Não são necessários aditivos adoçantes nem açúcar.
Já que o açúcar refinado existe e é impossível negar seus prazeres, vamos ao bom senso, à criatividade, ao adaptar-se? Nestes tempos de modernidade e “high tech”, ingerimos muito mais "energia" do que o necessário. Principalmente porque a humanidade está muito menos física, ao contrário, mais sedentária.

E, como estamos falando de uma “droga”, quem consome muito açúcar torna-se um dependente orgânico, e quanto mais intoxicado, mais deseja açúcar, mais sedentário, porque tende a ter menos força física, emocional e mental. Grandes consumidores de açúcar geralmente são fracos, astênicos, e acreditam que não podem fazer nada sem consumir um pouco de doce.
O Brasil, um dos maiores produtores de açúcar do mundo, tem um problema cultural, pois sua economia iniciou-se pelo cultivo da cana. Infelizmente, o brasileiro consome cerca de 200 gramas de açúcar/dia. Por extensão são cerca de 6 quilos/mês ou 72 quilos/ano.

Portanto, a cada 13 anos a pessoa consome 1 tonelada de açúcar. Então um cidadão brasileiro de 40 anos já fez passar pelo seu organismo algo como 3 toneladas de açúcar.

Referência: "Relatório Orion" - Dr. Márcio Bontempo - L&PM Editores.

Nota: Observamos também que há 100 anos uma escritora cristã já havia falado sobre isso, inspirada pelo Espirito Santo para dar uma mensagem de advertências ao povo dos últimos dias. E nós ainda estamos sendo resistentes a essas orientações sobre o consumo do açúcar. O objetivo desta postagem é fazer com que o leitor reflita sobre as suas práticas alimentares em relação ao consumo de açúcares em excesso.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O PRESENTE DE DEUS PARA O HOMEM


Estamos findando mais um dia, e com ele finda também todo o labor...
Agora adentramos nas sagradas horas do Sábado.
Que bom sabermos que Deus nos deu um presente tão maravilhoso...
Fico alegre e ao mesmo tempo triste, por saber que poucas são as pessoas que aceitam esse presente de nosso criador.
Mas me alegro em poder participar junto com todo o povo de Deus do descanso semanal da criação...

"Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras,Então te deleitarás no SENHOR, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do SENHOR o disse".
Isaías 58:13 e 14

domingo, 13 de janeiro de 2008


A Natureza da Literatura

Referencia Bibliográfica

WELLEK-René, WARREM-Austin.A Natureza da Literatura. Teoria da Literatura. 5. ed. São Paulo, Pioneira, 1999. Cap. 2

Apresentação dos autores da obra.

René Wellek nasceu em 22 de agosto de 1903 e faleceu no dia 10 de novembro de 1995, era de descendência Checo – americano e foi um dos principais críticos literário da época.
Wellek foi nascido e criado em Viena, falando Checa e alemão. Ele estudou literatura na Universidade Charles de Praga, e foi bastante ativo entre os lingüistas da Escola de Praga.
Durante a II Guerra Mundial, Wellek foi deslocalizado para a América, em primeiro lugar para a Universidade de Iowa e, em seguida, a Universidade Yale. Nos Estados Unidos, ele se tornou um amigo e defensor dos Novos Críticos. Com o crítico Austin Warren, que foi um americano que também participou do Circulo Lingüístico de Praga, Wellek escreveu o marco volume Teoria da Literatura, uma das primeiras obras que sistematizada teoria literária, em vez de se aproximar de uma crítica mais ad-hoc fashion. Começando na década de 1960, defendeu o Wellek Nova Críticos contra a condenação do seu trabalho em nome de uma teoria literária estruturalista-influenciado. Por esse motivo, ele é muitas vezes pensado de hoje como um conservador literário erudito. Wellek final do trabalho foi um longo, múltiplo-volume história da crítica literária.

Perpesctiva Teórica da Obra

O capítulo dois do livro Teoria da Literatura esta dividido em dezoito parágrafos, em cada parágrafo os autores traduzem as suas experiências e fundamentações sobre a natureza e função da literatura, de acordo com a tendência da época, e influenciados pelo Circulo Lingüístico de Praga. Eles utilizam uma abordagem que se complementam constantemente durante todo o capítulo.

Breve Síntese da Obra

No primeiro parágrafo os autores introduzem o tema que pretendem abordar em todo o capitulo.
No segundo parágrafo em diante os autores começam a dar diversas definições para o termo “literatura” definido-a como: tudo o que se encontra escrito em letra de forma, imprensa ou cursiva; pela forma ou valor estético dos grandes livros produzidos por celebres autores; a literatura como arte, ficcional ou imaginativa, a linguagem tanto oral quanto escrita como objeto dessa arte.
Já no nono parágrafo em diante os autores fazem uma distinção entre a linguagem literária, diária e cientifica, procuram estabelecer paralelos e contrastes entre elas.
No décimo quarto parágrafo os autores afirmam que o cerne da arte literária encontra-se obviamente nos gêneros literários tradicionais: lírico, épico e dramático.
No décimo quinto parágrafo os autores refutam a tese de que a literatura se baseia na ficcionalidade, invencionismo ou imaginação, segundo eles a concepção de literatura como arte independe do valor que o texto tenha.
No ultimo parágrafo os autores concluem afirmando que uma obra literária não é um simples objeto, mas antes uma organização altamente complexa, de caráter estratificado, com múltiplos significados relações.

Resenha

Neste capítulo os autores buscam encontrar uma definição para o termo “literatura”, porém, de forma às vezes contraditória eles acabam a não encontrar uma definição correta para esse termo.
Eles definem a literatura como tudo o que se encontra escrito em letra impressa ou não. Porém essa tese é meio surrealista e os próprios autores a refutam: “A identificação da literatura com a história da civilização é uma negação do terreno especifico e dos métodos específicos do estudo da literatura”.
A segunda definição, a mais improvável inclusive, é a idéia de que o termo “literatura” é limitado aos grandes livros, seja qual for o tema do livro, de acordo com essa tese, o critério para se definir a literatura é o valor estético encontrado neles ou a sua reputação, essa definição também foi puramente refutada pelos autores onde eles dizem: “Dentro da historia da literatura imaginativa, a limitação aos grandes livros tornaria incompreensível à continuidade da tradição literária, o desenvolvimento de novos gêneros e a própria natureza dos processos literários, além de obscurecer o ambiente formado pelas circunstâncias condicionantes, como as sociais, as lingüísticas, as ideologias e outras”.
A definição mais provável para o termo “literatura” e a de identificar a “literatura” como uma “arte” literária ou Belas Letras, a qual incluem tanto a linguagem escrita como a oral.
No final do capitulo os autores concluem dizendo: “uma obra de arte literária não é um simples objeto, mas antes uma organização altamente complexa, de caráter estratificado, com múltiplos significados e relações”.
De acordo com os estudos de teoria literária observamos que esses autores seguem uma linha de estudo bastante arcaica, a qual não valoriza a literatura oral, ou seja, a literatura popular, dando mais ênfase as Belas Letras, o que era comum na época em que eles realizaram essas pesquisas. Somente na década de oitenta em diante é que a literatura oral começou a ser estudada e valorizada como objeto de estudo.

Que Há de Errado Com o Pentecostalismo?


O que a Bíblia tem a dizer acerca do movimento pentecostal é tanto interessante quanto solene. Somente quando compreendermos a perspectiva bíblica deste assombroso fenômeno é que seremos capazes de lidar com seu avanço sobre a igreja Adventista no início do século 21.
Conforme já discutimos, a presença de Deus na Bíblia é frequentemente descrita como um fogo consumidor. Para cada aproximação que Deus tem feito para com a humanidade, Satanás tem criado uma falsificação. Analise os seguintes exemplos:
i. Deus criou o mundo - Satanás se opõe através da evolução
ii. Deus criou o Sábado - Satanás se opõe com a adoração no Domingo
iii. Deus diz que a alma que pecar, morrerá - Satanás se opõe dizendo que a alma é imortal
iv. Deus diz que a segunda vinda será visível - Satanás se opõe através do arrebatamento secreto
v. Deus criou o matrimônio - Satanás se opõe com o conceito de parceiros
vi. Deus cria o sexo - Satanás se opõe com a imoralidade
vii. Deus cria o alimento - Satanás se opõe com a glutonaria
Satanás falsifica cada ação de Deus. Cada falsificação é planejada para confundir e enganar.
A presença de Deus como um fogo consumidor também possui uma falsificação satânica – uma falsificação planejada para enfraquecer e eventualmente destruir a movimento adventista e sua mensagem. Proponho que esta falsificação é o movimento mundial carismático pentecostal.
O pentecostalismo é um movimento interdenominacional. Sua influência abrangente infiltra-se nas igrejas católicas, protestantes e adventistas do sétimo dia. Este fenômeno tem consideravelmente mais influência sobre o cristianismo moderno do que qualquer outro fator. Contudo, ainda há alguma coisa errada e existem boas razões pelas quais este movimento é tão perigoso para o adventismo do sétimo dia.
Na base do movimento pentecostal carismático está a poderosa direção e o ministério do Espírito Santo (Fogo). A religião baseada [primeiro] na experiência, e depois na verdade, é o modelo defendido pelo neo-pentecostal. A evidência disto é manifesta em uma miríade de fenômenos e sucessos. Alguns deles são:
1. Falar em línguas
2. Curas e milagres
3. Crescimento espetacular
4. Declarações e ministério profético
5. Unidade
6. Dons espirituais
7. Sucesso e riqueza seculares
8. Universidades e escolas
9. Clínicas médicas
10. Adoração poderosa e culturalmente relevante
11. Música original
12. Grandes conferências espetaculares de treinamento
Apesar destas características atrativas, que estão levando muitos a crer que o sucesso deste movimento é impulsionado pelo Espírito, uma dúvida subjacente permanece nas mentes dos adventistas do sétimo dia. Existe uma suspeita incômoda de que nem tudo está correto na pressa precipitada com que alguns de nossos líderes estão encorajando a igreja adventista a unir-se com o movimento neo-pentecostal.
O Caso Bíblico Contra o Fogo do Pentecostalismo
Em Apocalipse capítulo 13, somos confrontados com duas bestas. A primeira besta (versos 1-10) [8] tem sido claramente identificada pelos estudiosos sinceros da Bíblia desde a Reforma Protestante como a Igreja de Roma. Conforme nos aproximamos do tempo do fim, este poder religioso dirige uma grande rebelião mundial contra Deus.
A segunda besta (versos 11-17) [9] é interpretada pelos adventistas do sétimo dia como sendo os Estados Unidos da América. Com isto em mente, note os versos 13 e 14. “E (os EUA) faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E (os EUA) engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi (aos EUA) permitido que fizesse em presença da besta (Igreja de Roma), dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem (falsa adoração) à besta (Igreja de Roma) que recebera a ferida da espada e vivia” (Apocalipse 13:13-14).
Lembre-se de que o fogo de Atos 2 é a presença e a unção do Espírito Santo; porém, deferentemente do fogo de Atos 2 que fez nascer a igreja apostólica, este novo fogo serve a um propósito mais obscuro e sinistro. O propósito primário deste falso fogo é fazer com que os homens e mulheres sejam enganados e abandonem a Jesus. Ele faz isto encorajando o mundo a estabelecer uma imagem (falsa adoração) à Igreja de Roma.
Se o “fogo verdadeiro” é a obra do Espírito Santo que provoca reavivamento, arrependimento e mudança, então o “falso fogo” de Apocalipse 13 deve ser o derramamento de um falso espírito que engana e leva as pessoas para longe de Deus.
Poderia ser que este falso fogo de Apocalipse 13:13 não seja outra coisa além do reavivamento impulsionado pelo espírito carismático pentecostal (falso fogo), que tem tomado o mundo, e subsequentemente uma boa parte do adventismo ocidental de assalto?
Veja o seguinte, que destacamos do verso 13 mais uma vez:
1. O fogo vem da segunda besta - EUA
2. É miraculoso
3. Desce do céu (é espiritual)
4. Faz com que todo o mundo adora a primeira besta – a Igreja de Roma
Agora considere o seguinte, à luz dos pontos acima:
1. O movimento pentecostal se origina principalmente dos Estados Unidos. Esta grande nação ainda é a base do poder deste vibrante movimento.
2. O movimento pentecostal está arraigado e imerso no que é milagroso. Isto inclui as curas, profecias, falar em línguas, sonhos e visões.
3. O fogo é a presença sobrenatural de um ser sobrenatural. Os cristãos identificam isto como sendo Deus. O espírito que move o pentecostalismo é sobrenatural – ele desce dos céus e é espiritual – mas estou propondo que não é de Deus. Como este artigo demonstrará, o fogo que queima forte neste movimento tem sua origem em um reino mais obscuro.
4. O movimento pentecostal está unindo as igrejas de toda cristandade em um todo ecumênico. Batistas, metodistas, congregacionalistas, adventistas do sétimo dia, católicos – todos nós encontramos unidade em uma experiência comum de adoração – uma experiência pentecostal. Não é irracional esperar que esta experiência tenha um papel importante no movimento ecumênico que unirá as igrejas e religiões pouco antes do tempo do fim.
Como o Movimento Pentecostal Pode Ser Acusado de Ser Movido Por um Falso Espírito?
O que torna o movimento neo-pentecostal tão sutil é sua aparente conformação com a verdade. Porém, o alicerce desta fé está fundamentado em um conjunto de abordagens doutrinárias que não são compatíveis com o adventismo ou com a Bíblia
Isaías 8:20: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Este é um texto simples que apresenta um conceito simples. Quando um movimento não fala de acordo com a lei ou o testemunho, então a Bíblia declara que não existe luz nele. Se o pentecostalismo quer se estabelecer como líder espiritual da cristandade (e, subsequentemente, do adventismo) então, no mínimo, deveria abraçar a lei de Deus e Suas Escrituras. O fato de que ele não se enquadra neste padrão estrito o desqualifica de qualquer autoridade ou liderança.
O movimento pentecostal falha em diversas áreas com respeito à lei e ao testemunho. Veja os seguintes exemplos:
1. Total desconsideração e negação ao Sábado – (contrário à lei).
2. Rejeição da Segunda Vinda literal de Cristo – (contrário ao testemunho).
3. A imortalidade da alma, resultando, por ocasião da morte, em vida eterna ou inferno eterno – (contrário ao testemunho).
4. O batismo do Espírito Santo separado da conversão e evidenciado por falar em línguas – (contrário ao testemunho).
5. Em seguida ao arrebatamento secreto haverá um período de 7 anos, conhecido como a tribulação. Depois deste período, Cristo voltará e estabelecerá pessoalmente seu governo por um período de mil anos, conhecido como o reino milenial – (contra o testemunho).
Através de três ondas durante os últimos 100 anos, o movimento pentecostal não se estabeleceu como um pilar da verdade. O que pode ser dito é que a terceira onda, conhecida como “Movimento dos Sinais e Maravilhas”, afastou-se ainda mais da verdade do que o “Antigo Movimento Pantecostal”, do princípio do século 20, ou a abordagem neo-pentecostal dos tempos mais recentes.
A pretensão do pentecostalismo de possuir o Espírito Santo não é necessariamente uma validação de sua legitimidade. Seu relacionamento com a Escritura (o testemunho) e a lei de Deus (a lei) deve determinar isto. Se esta é a norma de referência, então o neo-pentecostalismo está verdadeiramente em sérios problemas.
Diferença Entre o Adventismo e o Pentecostalismo
O Adventismo não pode afirmar ter toda a “verdade”. O que separa o adventismo do pentecostalismo é a sua disposição para crescer na “verdade”. O desenvolvimento da IASD nos últimos 150 anos tem sido uma evidência real deste fato. Considere os seguintes exemplos:
1. Mudança do culto de adoração do domingo para o sábado.
2. Mudança de comer qualquer coisa para uma compreensão das leis bíblicas sobre a alimentação.
3. Mudança de erros na compreensão da Trindade para uma compreensão bíblica da Divindade.
4. Compreensão progressiva acerca da justificação pela fé.
5. Aceitação e assimilação da verdade sobre o estado dos mortos.
6. Compreensão e convicção acerca da mensagem do santuário.
Esta Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma ilustração de como uma denominação pode mudar para uma compreensão mais profunda da verdade em seu jornadear. Esta é uma clara evidência da liderança do Espírito Santo – evidência que não se observa no pentecostalismo.
João 2:15 diz “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” A adoração pentecostal está saturada de coisas “do mundo” (carne). Na vanguarda da abordagem carismática está o uso da música rock na adoração. Este fenômeno tomou de assalto a igreja (cristã e adventista) e suas raízes e origens se encontram na experiência pentecostal. A música rock é a linha de frente no ataque pentecostal, e é utilizada para fazer avançar a sua mensagem para dentro das principais correntes do cristianismo e do adventismo tradicionais. Embora o foco principal deste artigo não seja a questão da música rock na igreja cristã, seu enorme impacto na disseminação das práticas pentecostais entre as denominações cristãs não pode ser ignorado. A música rock é a vanguarda pentecostal para penetrar o cristianismo (e o adventismo) tradicional. Com a aceitação desta música vem uma série de outras influências e práticas pentecostais que estão debilitando a igreja cristã (adventista) e sabotando a sua missão.

Fonte: Newsletters Nrs. 110 e 114, publicadas pelo Dr. Samuele Bacchiocchi e disponíveis no sítio http://www.biblicalperspectives.com/endtimeissues/
Traduzido por Levi de Paula Tavares e Mauro Brandão em Janeiro/2008