quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Referência,Linearização, cognição e referência: o desafio do hipertexto.


By teoriaediscurso
Noção de hipertexto:

» O termo hipertexto foi cunhado por Theodor Holm Nelson em 1964, para referir uma escritura eletrônica não-sequêncial e não-linear.
» Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor simultaneamente co-autor do texto final.
» O hipertexto se caracteriza, pois, como um processo de escritura/leitura eletrônica multilinearizado, multisequecial e indeterminado, realizado em um novo espaço. O hipertexto consegue integrar notas, citações, bibliografias, referências, imagens, fotos e outros elementos encontrados na obra impressa.
» O hipertexto não é previsível.
» O hipertexto não tem uma única ordem de ser lido. A leitura pode dar-se em muitas ordens.
» Tem múltiplas formas de prosseguir.
» O hipertexto exige um maior grau de conhecimentos prévios e maior consciência quanto ao buscado, já que é um permanente convite a escolhas muitas vezes inconsequentes. “Stress cognitivo” Natureza do hipertexto:
» Não-linearidade
» Volatilidade
» Topografia
» Fragmentariedade
» Acessibilidade ilimitada
» Multisemiose
» Interatividade
» Iteratividade
» No hipertexto há vários assuntos conectados, permitindo que o leitor deixe de ser apenas leitor e passe a ser co-autor, produzindo assim, seu próprio hipertexto, com conteúdo e ordem de ser lido, próprios desse co-autor, o qual, hipertexto, dificilmente terá outro igual, como diz Marcuschi (2008:155), “Pode-se até mesmo dizer que não há, efetivamente, dois textos iguais, na escritura hipertextual”.
» No hipertexto as notas de rodapé são outros textos, que conduzem a outros vários textos, bastando, para isso, utilizar/clicar os links eletrônicos, o que torna o hipertexto multilinear.
» No hipertexto não há artigo com estrutura pronta e definida, mas a possibilidade de criação de várias outras estruturas, bastando, para isso, a exploração das diferentes conexões possíveis. A não-linearidade sugere descentramento, ou seja, inexistência de um foco dominante. Isto não chega a ser uma exclusividade do hipertexto, pois se observarmos, um texto impresso sempre foi passível de muitas interpretações e de múltiplas leituras.
» A deslinearização é um processo de construção de sentido muito antigo e normal. A novidade é que a deslinearização no hipertexto é uma técnica de produção, e no livro impresso é uma forma de recepção. Apesar do hipertexto fugir a linearização, ele não se trata de uma produção textual aleatória, pois isto tornaria ininteligível a informação. Há, sim, uma linearização mínima, seja em parágrafos, capítulos, pequenas peças que podem ser lidas seqüencialmente. Um aspecto importante da deslinearização é que ela não é comandada por um único autor, pode-se acessar textos de autores diversos e temas variados, desde que se queria aprofundar a leitura. Sabendo que linearidade lingüística é um princípio básico da teorização da língua, o hipertexto não rompe esse padrão, ele rompe a ordem de construção ao propiciar um conjunto de possibilidades de constituição textual plurilinearizada , condicionada por interesses e conhecimentos do leitor-co-produtor.
» Os desafios do hipertexto estão na área do ensino. O hipertexto acarretará redefinições curriculares, revisão e identificação de fontes, estabelecimento de um corpo de conhecimentos que possibilite a ordenação do fragmentário.
» O hipertexto é um ponto de chegada e não um ponto de partida no caso do ensino. Sendo a escola este espaço de interação social onde práticas sociais de linguagem acontecem , o trabalho com gêneros textuais torna-se imprescindível, haja vista que os gêneros existem quase que em número ilimitado, variando em função da época, das culturas e das finalidades sociais, assim, cabe à escola a tarefa de privilegiar textos de gêneros que aparecem com maior freqüência na realidade social e no universo escolar, tais como notícias, editoriais, cartas argumentativas, artigos de divulgação cientifica, verbetes, enciclopédicos, contos, romances entre outros. Portanto, o ensino de Língua Portuguesa deve ser centrado no conhecimento lingüístico e discursivo com o qual o sujeito opera ao participar das práticas sociais mediadas pela linguagem, o que justifica a relevância do ensino de leitura e produção de textos focados em gêneros textuais, visto que estes permitem lidar com a língua em seus mais diversos usos no cotidiano de uma determinada comunidade.
» No tópico “Ensino e Natureza da linguagem” do PCN de Língua Portuguesa, discute-se a necessidade de um projeto educativo em que socialização e cultura interajam de diversas maneiras a desenvolver a habilidade de leitura,escrita e interpretação textual. Ao fazer tal afirmação, percebe-se que o letramento deve ser produzido no processo de participação de práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico.
» Sendo assim, os gêneros são rotinas sociais do nosso dia-a-dia e ,por isso, não devemos concebê-los como modelos isolados nem como estruturas rígidas e tão próprias, mas como formas culturais e cognitivas de ação social. De acordo com o Parâmetro Curricular em questão, a linguagem contém em si a fonte dialética da tradição e da mudança. Assim,temos que ela conserva um vínculo muito estreito com o pensamento, tendo duas funções distintas, quais sejam: a0 construtora de quadros de referencia cultural; e b0 mediadora da abstração ou concretização do pensamento.
» Bakhtinianamente falando, o discurso é uma totalidade viva e concreta e não uma abstração formal, por isso, o enunciado ou discurso não deve ser entendido como ato solitário, principalmente porque é peça fundamental na socialização. A noção de gênero vem sendo tulmutuada por parâmetros para observação e caracterização, contudo, os gêneros diferenciam-se em certos aspectos funcionais e é por isso que eles multiplicam-se para dar conta das inúmeras atividades desenvolvidas cotidianamente. Apesar do que foi exposto anteriormente, todo e qualquer texto se encaixa em determinado gênero , a depender das intenções comunicativas que geram usos sociais que os determinam. Sendo “a escola um espaço de interação social onde práticas sociais de linguagem acontecem e se circunstanciam, assumindo características bastante específicas em função de sua finalidade”(pag.22). os gêneros textuais devem atuar de maneira a reconstruir e desenvolver habilidades discursivas e sociais nos alunos que , por sua vez , constituem-se como uma das variáveis do ensino. O fenômeno lingüístico deve agir no indivíduo como um ato significativo de criação individual, atuando como ciência da expressão.
Trabalho apresentado pela disciplina de Língua Portuguesa XI, da professora Adriana Barbosa, pelos discentes: Cláudio Pires, Eloi Miranda, Jorge Duarte.

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